quinta-feira, 2 de abril de 2015

O PAVILHÃO VASCAÍNO EM SÃO JANUÁRIO

A primeira cerimônia de hasteamento antes da construção do Stadium Vasco da Gama




   A solenidade se deu a 20 de dezembro de 1925, foi concorridíssima e representou a tomada de posse do solo vascaíno, marcando mais uma etapa gloriosa para o Club de Regatas Vasco da Gama.

   No mês de março daquele ano, o terreno de 60.000 metros quadrados da Chacrinha do Imperador foi adquirido da Sociedade Anonyma Lameiro, tendo representado o club o seu presidente, Comendador Almeida Pinho, dono da Fundição Progresso, e por seu tesoureiro, Manoel Joaquim Pereira Ramos, avô do atual vice-presidente do Departamento de Esportes Aquáticos, Walter Ramos.

   A entrada para o terreno da chacrinha se dava no portão que havia ao final da rua Bonfim, na esquina à esquerda da rua São Januário, vez que naquele tempo inexistia a rua Francisco Palheta, cuja área foi posteriormente cedida pelo Vasco para a sua abertura.



   Como registro definitivo dessa conquista na memória vascaína, vamos transcrever a reportagem do jornal O Imparcial que assim descreveu o histórico evento, demonstrando assim a capacidade de superação e pujança do "Nosso Vasco":


"O FUTURO STADIUM DO VASCO DA GAMA

A solemnidade do hasteamento do pavilhão social

   Conforme estava marcado, ante-hontem pela manhã, realizou-se com grande brilhantismo, a solemnidade do primeiro hasteamento do pavilhão vascaino, nos terrenos em S. Januario, onde o Club de Regatas Vasco da Gama vae construir o seu stadium.

   O local em que se construirá a grande praça de sports do gremio da Cruz da Malta, na juncção das ruas S. Januario, Abilio, Bomfim e Alegria. Delle descortina-se uma bôa parte da bahia de Guanabara, tal a sua elevação; é muito ventilado e agradavel. Comporta uma praça de sports com as dimensões maximas e as maiores acommodações, com campo para football, athletismo, volley-ball, basket-ball, ring de box, curts de tennis, stand de tiro, tudo, emfim, que constitue o mais amplo projecto da cidade.

   Para marcar o inicio das obras foi que a comissão pró-stadium reuniu socios, convidados e jornalistas, dando inicio ao grande acontecimento.

   Tinha-se, no momento, a impressão de que se estava em pleno coração vascaino. Tudo era sincero e unido, naquelle grupo incalculável de enthusiastas, adeptos do club, quando o Sr. Annibal Peixoto, secretario da commissão, iniciando a inauguração, convidou o Dr. Antunes de Figueiredo, presidente da Federação de Remo para elevar o glorioso pavilhão no grande mastro collocado no centro do terreno.

   O hasteamento da bandeira cruz-maltina, foi feita no meio de grande salva de palmas e intensa alegria dos dois mil e tantos vascainos presentes.

   Ouviu-se, depois o antigo vascaino José da Silva Rocha, em oração brilhante.

   Terminado o acto, foi servido um farto lunch. O conhecido architecto Morales de los Rios, annunciou haver terminado as marcações do stadium e bem assim da praça "Vasco da Gama" e ruas Raul Campos e Manoel Ferreira Ramos. O Sr. Annibal Peixoto falou a seguir, e em nome da imprensa, falou o nosso colega de redacção Adaucto de Assis, director do "Mundo Desportivo".

   Ouviu-se a seguir o Dr. Antunes de Figueiredo, falando ainda os Srs. José da Silva Rocha, Othelo de Souza, em nome da directoria e o Sr. Gustavo de Medeiros Pontes, em nome dos athlestas do club; Cansado Conde, autor do projecto, trocando-se brindes e saudações, entre os quaes um ao Dr. Oscar Costa, presidente da Confederação Brasileira de Desportos.

   Assim terminou a solemnidade de ante-ontem, que marcou o inicio de uma nova éra para o glorioso club da colonia lusitana.

   Nós, que acompanhamos com interesse o desenvolvimento sportivo no paiz, fazemos votos pelo bom curso desse emprehendimento que não beneficia somente ao C. R. Vasco da Gama e seus defensores, mas ao Rio, aos sports em geral, ao Brasil inteiro." - O Imparcial, 22 de dezembro de 1925  *(grafia original da época)

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Vascainidades

(1) O Paiz - edição de segunda-feira, 2 e terça-feira, 3 de março de 1925:

O STADIUM VASCO DA GAMA 

Em escriptura lavrada no tabelião do 18.º officio, livro proprio, n. 83, folhas 89 verso, e assignada pelos senhores Antonio de Almeida Pinho, presidente, e Manoel Joaquim Pereira Ramos, thesoureiro, o Club de Regatas Vasco da Gama, e representante da S. A. Lameiro, adquiriu este club a area de 60.000 metros dessa empreza, no bairro de S. Christivão.

O referido terreno dá para as ruas Bomfim, Abilio e Ricardo Machado, com quatro linhas de bondes (S. Januario, S. Luiz Durão, Alegria e Cajú.)

Nesse local o Vasco da Gama vai construir o seu stadium, com capacidade para 80.000 espectadores, constando de campo de football, campo de treino (bate bola), courts de tennis, volley-ball e baslet-ball, campos de saltos em altura e distancia, lançamento de disco e dardo e outros jogos modernos, e pista para corrida a pé.

O projecto dessa obra é do engenheiro Trindade de Mello.

(2) No século XIX o terreno da chacrinha era conhecido como "Chácara do Bastos" (J. Cruvello Cavalcanti - Nova Numeração dos Prédios da Cidade do Rio de Janeiro - 1879)

(3) Segundo José Lopes de Freitas, o José da Praia, quinto idealizador e fundador do C. R. Vasco da Gama, nos primórdios, os sócios irmanados chamavam o clube de "O Nosso Vasco".

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